Brêda tem medo. A sorte dela é ter memória fraca. Ela consegue esquecer por horas a fio o medo de não saber lidar com certas coisas. Não é que a menina fuja, porque de nada, sabe bem, adiantaria. Brêda só se deixa ser no correr do dia e faz o que lhe é natural: então, logo esquece. Mas vem à noite, o pensamento vazio e depois o poço do medo. Fundo e denso. Um breu que assusta e uma série de idéias desesperançadas invadem.
Nesse fim de noite falsamente frio a Brêda se sentiu perdida, sem norte. Até que lembrou de um filme que havia assistido onde o mocinho galã-de-cinema falava que precisar das pessoas não significava que você tinha fracassado. Ela pensou que acreditava nisso. Sabia que podia mais se tivesse companhia consigo. Não tinha que enfrentar o medo como quem veleja sozinho. Com esse fio de pensamento ela quase sorriu grande. Sabia quem procurar.
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